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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Solidão

Saiu. Queria estar só. Chegou na praça. Andou bastante até o chafariz. Suas águas rasas, claras, revelavam o fundo vazio. Estava bem distante de tudo.
Caminhou. Sentou-se num banco. Babás, bebês. Um balão amarrado no bibi do nenê. Mães conversando.
Olhava tudo. Cada coisa, cada pessoa.
Uma criança caiu de cara no chão. Engoliu o choro com areia. Limpou o joelho arranhado. Chamou o amiguinho e se foi.
Viu nomes e desenhos inscritos na árvore.
O homem do algodão doce chegou e foi cercado pelas crianças.
  Ai meu Deus do céu! O dentista disse que eu não deixasse comer doce.
Não deu bola para o comentário da madame. Olhou para um pombo pousado, na cabeça de um ilustre.
O calor ficou forte. Um pato parecia perder a cabeça no pequeno lago.
 Maria, pega as crianças!
 Mãe, eu quero água.
  Vamos! Está muito quente. Tchau pessoal!
Todos se foram. A praça ficou deserta. O bate-bate parado. O doce do algodão, acabou. Enterrou o palito no chão.
Ao longe o chafariz, mais solitário, ainda. O parquinho ao lado da pista de skate. A gangorra, o balanço e o escorrega, próximos. O coreto recebia sombra e carícias de uma imensa árvore.
O pato pegou um peixe. Ergueu, orgulhoso, a cabeça.
  Uma praça, não devia ser planejada desse jeito. Coitado. Distante de tudo.
Levantou-se e foi em sua direção. Desistiu. Tomou o rumo da saída. Ouviu um grande soluço. Parou e olhou para trás. Aproximou-se. Suas águas pareciam lágrimas saindo de todos os orifícios. Pegou uma moeda e falou: toma!
gluuuf!
Jurandi Alves Siqueira

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