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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Homenagem às Claras

Clara
são como se chamam
umas Maria
outras Ana
Tem Clara que é só Clara
É claro que esse nome é bacana`

Jurandi Alves Siqueira

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O Tempo


O tempo me tomou muitas coisas...

O corpo pequeno de menino
O rosto alegre, sempre sorrindo
e  uma grande dose de ingenuidade.

Encurtou roupas que eu gostava
Apertou o patins que eu adorava

Tornou pequena, minha bicicleta, antes tão grande.
Desapareceu com os meus velhos professores
Com os médicos de família
Com meus primeiros amores.

Tentou matar minh’alma de poeta
Mas acabou, não sei como, sendo vencido.

O tempo é indomável,  implacável, mas também generoso
Emprestou-me, por algum tempo,
um corpo maior, mais vigoroso.

Acabou com cataporas, coqueluches
e aquele medo horrível de ficar no escuro.


Curou as feridas das quedas do patins.
Transformou a ingenuidade em prudência.

Diminuiu minha ansiedade
Deu-me um pouco de paciência.

É certo que nunca mais tive um cão igual
Nem tenho hoje um país tão sério.

Mas o tempo é assim mesmo...
Tem seus mistérios.

Jurandi Alves Siqueira

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Solidão

Saiu. Queria estar só. Chegou na praça. Andou bastante até o chafariz. Suas águas rasas, claras, revelavam o fundo vazio. Estava bem distante de tudo.
Caminhou. Sentou-se num banco. Babás, bebês. Um balão amarrado no bibi do nenê. Mães conversando.
Olhava tudo. Cada coisa, cada pessoa.
Uma criança caiu de cara no chão. Engoliu o choro com areia. Limpou o joelho arranhado. Chamou o amiguinho e se foi.
Viu nomes e desenhos inscritos na árvore.
O homem do algodão doce chegou e foi cercado pelas crianças.
  Ai meu Deus do céu! O dentista disse que eu não deixasse comer doce.
Não deu bola para o comentário da madame. Olhou para um pombo pousado, na cabeça de um ilustre.
O calor ficou forte. Um pato parecia perder a cabeça no pequeno lago.
 Maria, pega as crianças!
 Mãe, eu quero água.
  Vamos! Está muito quente. Tchau pessoal!
Todos se foram. A praça ficou deserta. O bate-bate parado. O doce do algodão, acabou. Enterrou o palito no chão.
Ao longe o chafariz, mais solitário, ainda. O parquinho ao lado da pista de skate. A gangorra, o balanço e o escorrega, próximos. O coreto recebia sombra e carícias de uma imensa árvore.
O pato pegou um peixe. Ergueu, orgulhoso, a cabeça.
  Uma praça, não devia ser planejada desse jeito. Coitado. Distante de tudo.
Levantou-se e foi em sua direção. Desistiu. Tomou o rumo da saída. Ouviu um grande soluço. Parou e olhou para trás. Aproximou-se. Suas águas pareciam lágrimas saindo de todos os orifícios. Pegou uma moeda e falou: toma!
gluuuf!
Jurandi Alves Siqueira

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Troca

Abriu o portão do quintal. Foi para a vila. Não era uma vila muito grande. Tinha dez casas: 5 de um lado, 5 do outro. Seus colegas estavam brincando.
Danilo ficou só olhando. Estava triste como um dia nublado. Voltou pra casa, pegou algo e prendeu no short. Escondeu com a camisa e, novamente, estava na vila.
Os moleques rodavam pião com suas fieiras novinhas, presas nos dedos, vuum!
O pião era jogado e puxado com força. Zunia. Rodopiava.
Alguns enlaçavam o pião com a fieira e o faziam pular em sua mão. Outros tinham que se abaixar, abrir os dedos, palmas para cima e, roçando a costa da mão no chão, faziam o brinquedo subir e rodar na palma da mão.
Danilo continuava sério. Seus colegas o estranharam. Ele nada falou.
O moleque jogou o pião sobre o outro que estava na roda, riscada no chão. Quando acertava o debaixo, a gente podia continuava a jogar. Quando errava ia para a roda. A outra forma de brincar era acertar direto o pião dentro da roda: se acertasse levava o pião, se errasse perdia o pião.
Isso tudo Danilo sabia. Havia perdido um com fieira e tudo no dia anterior. Um pião é caro quando se vive longe da cidade, se tem 8 anos, não se conhece o pai e a avó só vai receber no fim do mês.
Sério, passou horas ali. Só olhando. Sem a menor chance.
- Aí, traz outro pião! Tá com medo, Mané?
- Sabe que eu sou fera, né moleque! – gritou Duda.
Danilo ficou calado.
A brincadeira continuou. Cada um mais bonito que o outro. Danilo chegou a reconhecer o que tinha sido seu. Estava meio cacarecado, mas era um bom pião.
Duda se abaixou. Ficou de costas. Danilo coçou a barriga e tocou no objeto que estava com ele. Segurou por alguns instantes. Alguns meninos começaram a correr quando ouviram uma trovoada.
O tempo mudou. A vila ficou deserta. Duda continuava abaixado. A chuva caia fina. Só os dois na vila.
Danilo tirou o objeto de dentro da camisa. Duda estava distraído com seu pião, alheio a tudo. Danilo tirou o objeto de dentro do short, tomou coragem e falou:
- Aí, vamos brincar de ferro?
- Legal, vamos.
O vento começou a soprar. A chuva pequena parou totalmente. Os meninos voltaram e começaram a brincar.
Ferro é uma brincadeira que cada um joga e finca no chão um espeto pesado, geralmente de ferro. Depois, vão riscando e marcando terreno para impedir que o outro avance.
Danilo ganhou o jogo. Voltou para casa com vários ferros.
À noite rezou para que chovesse até o dia do pagamento da avó ou que seus colegas aceitassem os ferros em troca de um pião.
Jurandi Alves Siqueira

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Amoras negras


Amoras negras        
Amoras doces
Amor às Negras     
Cheias de poses

O amor é negro
Cor dos  jambos
Não fechamos os olhos
Quando beijamos?

Jurandi Alves Siqueira

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Meu poema preferido



Vida de Moleque

Tá com medo tabarel?
É de linha de carretel!

Feita pra ventos fracos ou para ventos fortes
Venha me cortar, se tu tens sorte!

Venha, vamos cruzar!
Tá com medo?
Vamos torar?

Vem vento catinguelê
Cachorro-do-mato quer me morder.

Sou bom de bola e de rasteira.
Rodo pião, planto bananeira
Brinco de toda brincadeira,
Mas a cafifa é a primeira.

São várias as voadeiras:
Cafifa ou pipa, papagaio, baratinha,
Arraia, pião, morcego e cortadeira.
E assim foi a minha infância inteira.

O empinar uma pipa, botar cafifa no alto
É coisa de criança travessa,
Lá do morro ou do asfalto.


Soltar cafifa,
É coisa séria e importante
Você ligado por uma linha ao seu coração
Tão distante.

A pipa vai subindo. A linha você vai dando
E a tal adrenalina, aos poucos aumentando
É que há um misto de risco e prazer
Na medida que ela, de vocêVai se distanciando.

Cafifa cortada, pipa voada.
O coração em desespero:
É minha, peguei primeiro!

Majestosa ela voa lá no céu.
Bela, fascinante, cheia de linha!
Me faz lembrar de uma época tão boa.
A bela época, da infância minha.

Tá com medo tabarel?
É de linha de carretel!
Vem vento catinguelê
Cachorro-do-mato quer me morder




domingo, 21 de agosto de 2011

Poemas ao vento

Vento
Sopro divino
Transporta o ar
Ideias, pensamentos
Voz de um cantar
Choro de lamentos


II

Apressado
nas asas do vento
o tempo voa
Por entre meus dedos
meu  tempo, lamento
escoa

Jurandi Alves siqueira

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O Tempo

O tempo me tomou muitas coisas...

O corpo pequeno de menino
O rosto alegre, sempre sorrindo
e  uma grande dose de ingenuidade.

Encurtou roupas que eu gostava
Apertou o patins que eu adorava

Tornou pequena, minha bicicleta, antes tão grande.
Desapareceu com os meus velhos professores
Com os médicos de família
Com meus primeiros amores.

Tentou matar minh’alma de poeta
Mas acabou, não sei como, sendo vencido.

O tempo é indomável,  implacável, mas também generoso

Emprestou-me, por algum tempo,
um corpo maior, mais vigoroso.

Acabou com cataporas, coqueluches
e aquele medo horrível de ficar no escuro.


Curou as feridas das quedas do patins.
Transformou a ingenuidade em prudência.

Diminuiu minha ansiedade
Deu-me um pouco de paciência.

É certo que nunca mais tive um cão igual
Nem tenho hoje um país tão sério.

Mas o tempo é assim mesmo...
Tem seus mistérios.

Jurandi Alves Siqueira


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Um poema


A MALETA

Lembro de quando criança
Guardava numa maleta
Sonho e esperança
Que tinha na cabeça

Arrastava-a com todo cuidado
Parecia meu travesseiro
Quando estava preocupado
Ela sabia primeiro 

Não era assim tão nova
Muito tinha viajado
Suas marcas davam provas
De quanto tinha andado

Às vezes nas tardes chuvosas
Em casa, tinha que ficar
Ela sempre generosa
Abria-se pra eu brincar

Tirava cadernos e livros
Bilhetes ali jogados
Com irmãos ou amigos
Brincava sossegado


Um dia sem me perguntar
Dela tudo tiraram
E quando fui procurar
No lixo a tinham jogado

Disseram que estava velha
Uma mochila eu ia ganhar
Escondido chorei por ela
Que um dia me ensinou a pensar

Pra onde ela foi eu não sei
Só sei que o tempo corre
Nunca esqueci o que sonhei
Esperança, a última que morre.

Jurandi Alves Siqueira






















sábado, 13 de agosto de 2011

HAICAI


E' sempre assim
nas tardes de outono
morro de sono


Se você gostou e quer conhecer um pouco mais sobre haicai, faça um comentário.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

T E A T R O


Grupo Atrium de Teatro da Loja Rosacruz Niteroi - AMORC - Breve no calendário cultural da cidade.